Ordenamento e gestão da pesca lúdico-desportiva na bacia hidrográfica do rio Mouro

Planning and management of recreational and sport fishing in the Mouro river basin

Planification et gestion de la pêche récréative et sportive dans le bassin du fleuve Mouro

¹ ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas; Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte; Departamento Regional de Gestão e Valorização da Floresta; Divisão de Extensão e Competitividade Florestal; Parque Florestal, 5000-567 Vila Real
² ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas; Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Norte; Departamento Regional de Gestão e Valorização da Floresta; Divisão de Gestão Florestal do Norte Litoral; Portas do Sol 4950-500 Monção
³ LEF - UTAD – Laboratório de Ecologia Fluvial e Terrestre – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Quinta de Prados 5000-801, Vila Real
⁴ Centro de Investigação e Tecnologia em Ciências Agroambientais e Biológicas, CITAB, Inov4Agro, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal
⁵ CIBIO/Biopolis – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Campus Agrário de Vairão, 4485-661 Vairão, Portugal

^a E-mail: antonio.martinho@icnf.pt
^b E-mail: paulo.andrade@icnf.pt
^c E-mail: joao.taboas@icnf.pt
^d E-mail: gomes1996@live.com.pt
^e Corresponding author: simonev@utad.pt

Resumo

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas desenvolveu em 2021 estudos de ordenamento e gestão da pesca lúdico-desportiva na bacia de drenagem do rio Mouro (afluente do rio Minho), tendo, em 2022, estas massas de água sido submetidas a regulamentação especial (Zona de Pesca Lúdica). A metodologia adotada foi a implementada no rio Olo em 2008. Para o efeito foram estabelecidas treze estações de amostragem onde se procedeu à monitorização da ictiofauna (para o estudo da idade, crescimento e condição física dos exemplares capturados) e à caracterização hidromorfológica dos habitats através da metodologia River Habitat Survey. Os resultados evidenciaram uma bacia de drenagem constituída por uma elevada diversidade de habitats que, embora modificados, ainda exibem um elevado grau de naturalidade. A truta ( Salmo trutta) e a enguia ( Anguilla anguilla) foram as espécies mais amplamente distribuídas. Foi também detectada a presença de juvenis de salmão-do-Atlântico ( Salmo salar) numa boa parte do rio Mouro e a presença muito localizada do góbio ( Gobio losanoi, espécie alóctone), nos locais mais próximos da sua confluência com o rio Minho. As comunidades de truta, com idades máximas de 5 anos, expõem um crescimento alométrico e uma equilibrada robustez física. Tudo indica que os juvenis de salmão, com crescimento marcadamente alométrico, permaneçam nestes ecossistemas de água doce, pelo menos, até aos dois anos de idade, período essencial para que o seu desenvolvimento possibilite assegurar a sua viagem até ao Atlântico.

Abstract

In 2021, the Institute of Nature Conservation and Forests developed studies for the planning and management of recreational fishing in the Mouro drainage basin (a tributary of the Minho River), and in 2022 these water bodies were subject to special regulation (Recreational Fishing Zone). The methodology adopted was that implemented in the Olo River in 2008. For this purpose, thirteen sampling stations were established to study the ichthyofauna (age, growth, and physical condition of the specimens captured) and to characterize the hydromorphological habitats through the River Habitat Survey methodology. The results showed a drainage basin with a high diversity of habitats that, although modified, still exhibit a high degree of naturalness. Brown trout and eel were the most widely distributed species. The presence of juveniles of Atlantic salmon was also detected in a large part of the Mouro River, and the very localized presence of Iberian gudgeon (an alien species), in the places closest to its confluence with the Minho River. The brown trout communities, with a maximum age of 5 years, showed allometric growth and balanced physical robustness. All indications are that the juvenile salmon, with clear allometric growth, remain in these freshwater ecosystems for at least the first two years of age, a period essential for their development to ensure their journey to the Atlantic.

Résumé

En 2021, l’Institut pour la conservation de la nature et des forêts a élaboré des études sur la planification et la gestion de la pêche récréative dans le bassin versant de la rivière Mouro (un affluent du fleuve Minho), et en 2022, ces masses d’eau ont été soumises à une réglementation spéciale (zone de pêche récréative). La méthodologie adoptée était celle mise en oeuvre dans la rivière Olo en 2008. À cette fin, 13 stations d’échantillonnage ont été établies où l’on a suivi l’ichtyofaune (afin d’étudier l’âge, la croissance et la condition physique des spécimens capturés) et la caractérisation hydromorphologique des habitats grâce à la méthodologie du River Habitat Survey. Les résultats ont montré un bassin versant composé d’une grande diversité d’habitats qui, bien que modifiés, présentent encore un haut degré de naturalité. La truite et l’anguille étaient les espèces les plus répandues. La présence de saumons atlantiques juvéniles a également été détectée dans une grande partie du fleuve Mouro et la présence très localisée de Goujon ibérique (une espèce introduite), dans les endroits les plus proches de sa confluence avec le fleuve Minho. Les communautés de truites, dont l’âge maximum est de 5 ans, présentent une croissance allométrique et une robustesse physique équilibrée. Tout indique que les saumons juvéniles, à la croissance allométrique marquée, restent dans ces écosystèmes d’eau douce jusqu’à au moins deux ans, période essentielle à leur développement pour assurer leur voyage vers l’Atlantique.